Livro: O homem e seus símbolos. Autor: J. Iung

Posted in Livros on abril 25, 2009 by Ovvia Vita

Livro bastante interessante, que trata dos sonhos humanos e os símbolos que os preenchem. Mais especificamente, trata da dinâmica do inconsciente e dos símbolos os quais o mesmo utiliza-se para expressar-se no campo da consciência.

Recomendo especialmente como literatura fácil e introdutória sobre o papel do inconsciente nas nossas vidas. Ou seja, sobre como as coisas são muito mais profundas e interligadas do que normalmente as concebemos.

Texto sem título

Posted in Geral on abril 25, 2009 by Ovvia Vita

Experiências de ruptura são traumáticas
Mas são, por vezes não apenas necessárias: são vitais, embora paradoxalmente possam não ser inevitáveis. Todo o homem chega a uma idade na qual precisa superar a si mesmo; do contrário é a morte (mantém-se existindo, mas já está morto).
Por isto, por vezes, mudanças radicais precisam ser provocadas, não só enfrentadas. Mudanças que ofereçam apenas incerteza e que demandem um esforço enorme de reconstrução da própria personalidade, da própria vida: os pontos de referência destruídos, as seguranças concretas e psicológicas jogadas fora; enfim, o ego totalmente afrontado. Disto tudo deve surgir algo novo.
Algo melhor, mais genuíno e forte, se a decisão foi dar permissão à vida, às experimentações conscientes – mas abertas, aos confrontos paradigmáticos, ao caos sensitivo, à perdição das estruturas internas, base daquelas externalizadas.
Algo igual, se foi escolhida uma nova corrida para a segurança imediata, para os símbolos substitutivos; para o dinheiro per se, para o amor mentiroso da beleza vazia. Para o cambaleante trapézio das formas, das coisas, dos cargos, dos títulos.
Algo igual ou pior, se a coragem foi menor que o medo, se o desespero tomou conta; principalmente, se o arrependimento venceu a razão!
Preferir a morte ao desperdício da vida: as duas escolhas coisas são a mesma coisa.

Discurso de formatura – 2004

Posted in Geral on abril 19, 2009 by Ovvia Vita

Temos em nossas mãos o livre arbítrio, e com ele iremos aonde quisermos, faremos o que desejarmos. São inúmeros os caminhos. No entanto, o mais difícil, podem ficar certos disso, é sabermos o que queremos, é termos certeza do caminho a escolher . Quando estamos certos da onde queremos chegar, então o resto é fácil, por que nenhum esforço é demasiado grande para uma certeza, por que uma profunda certeza sempre merece uma dedicação do tamanho da própria vida.

Podemos concentrar fortunas, podemos ser um idiota de gravata, podemos enfim chegar muito longe perante outros olhos.

Mas o problema é exatamente esse. Por quem ou por qual motivo fazemos as coisas? Quanto tempo continuaremos nos esforçando para sermos aceitos? Quanto tempo continuaremos correndo dentro de uma gaiola, tentando encontrar dentro dela o que não está ali? Quanto tempo enfim, como disse Sartre, continuaremos sendo o que os outros acham que somos e não o que nós acreditamos ser?

Não me entendam mal. O que quero dizer é que, não poucas vezes, procuramos fora de nós o que está lá dentro. Perguntem-se para si mesmos: o que eu quero nesta vida? Depois de encontrarem essa primeira resposta, questionem: por quê eu quero isto? Então perguntem novamente: mas por quê eu desejo aquilo? Verão, que após milhares de porquês sobrará muita, muita pouca coisa por que lutar.

Verá-se enfim que esse contínuo questionamento funcionará como uma broca nas nossas almas e que desse buraco brotarão as mais diferentes surpresas, as mais inesperadas descobertas a respeito de nós mesmos. Aí então começaremos a desenvolver uma percepção mais acurada a respeito de todas as coisas, principalmente da nossa própria individualidade e existência. Conhece a ti mesmo, uma vez escreveram. Continuando nesse caminho, faremos as pazes com nosso eu e os espinhos que tão seguidamente nos ferem o espírito começaram a desaparecer. Mais adiante,
será mais fácil perdoar e amar o próximo. Mais adiante ainda, olharemos com extrema tranqüilidade nossa própria dor, até riremos dela.

Existe algum objetivo maior na vida do que essa paz de espírito? Existe algo que traga mais felicidade que paz? Existe outra pérola mais importante a buscar? Se existir, por favor me avisem.

Por isso, não tentemos mudar o mundo. Mudemos a nós mesmos. É fácil dividir a terra dos outros, assim como é fácil desejar mudar os outros. Difícil é encarar o milhão de ilusões, vícios e medos que habitam nosso interior: melhor ser reto do que retificado, disse Marco Aurélio. É até engraçado: quantas vezes vamos as ruas gritar por um mundo mais justo, enquanto que, por vezes, não conseguimos perdoar nem nossos pais.

E embora estas tarefas pareçam mais adequadas para um asceta do que para um executivo, elas serão, no seu devido tempo, desempenhadas por todos. Elas são, em verdade, constantemente executadas. E os tombos que levamos através dos tempos fazem parte desse caminho. A dor é uma estranha amiga e continuará presente em nossas vidas até atravessarmos o precipício final que, ao contrário do que muitos pensam, não é a morte. Essa ponte só será transposta e só chegaremos à verdadeira felicidade após a completa compreensão de todas as verdades. A ausência de sofrimento está apenas em dois lugares: na absoluta ignorância ou na absoluta sabedoria. E eu lamento informar que todos nós estamos no meio do caminho. Até lá é uma jornada longa, realmente longuíssima. É uma viajem para os estóicos de espírito livre, como esses dias eu li. Travaremos mil batalhas contra nós mesmos até esse fim. Mas esse é o tango da vida: glória e miséria em uma só música. E quando queremos a paz, devemos nos preparar para a guerra.

Por isso, não fujamos da dor. Olhemos no fundo dos olhos dela e a beijemos na boca.

Mas não pensem que é isso um ensejo para o masoquismo ou mesmo para um relacionamento passivo para com o sofrimento. O que quero dizer, é que a nossa felicidade, fim último da vida, passa pela compreensão do que é sofrimento e pela mudança do nosso ponto de vista em relação a ele. Por isso falo de dor nesta noite feliz: falo porque quero ver na minha vida e na vida de todas as pessoas que eu gosto, a felicidade proliferar sem limitações.

Mas nessa brincadeira toda existe um probleminha. Às vezes, essas dificuldades nos põem de joelhos. E ai é hora de descobrirmos que existe algo maior que nós mesmos, que existe algo ou alguém de quem emana uma força e paz infinitas. Alguns chamam isso de energia cósmica, outros de Deus, Buda, Alá. Mas isso não interessa: a essência de todas as religiões que visam o bem
comum é a mesma e as distorções geradas entre elas interessa apenas aqueles que querem vender armas ou aumentar círculos de poder.

O que importa é que construamos um bom relacionamento com essa entidade, até por que, sem ela, as coisas costumam ficar um pouco mais difíceis. Essa construção normalmente é iniciada dentro de nossas casas, nas nossas famílias.

A respeito do trabalho, acredito ser importante lembrarmos que ele é nossa espinha dorsal, e isso o torna uma condicionante vital para nossa realização pessoal. A administração e o comércio exterior nos proporcionam inúmeras possibilidades de atuação. Interessa mais encontrar aquelas que estejam atualmente acima das nossas capacidades atuais para que assim, mantenhamos o constante progresso.

Para isso, é preciso que cultivemos dentro de nós a empolgação, o vigor e a paixão pelo que fazemos. Assim, galgaremos quaisquer os passos que desejarmos.

Chegaremos onde quisermos. Acreditem.

“Acho que todas as pessoas precisam de dogmas para viver: quem sabe um Deus, um trabalho e uma família?”

Esteriótipos

Posted in Geral on fevereiro 8, 2009 by Ovvia Vita

Facilmente, percebe-se que o esteriótipo nada mais é do que um modelo, a união de um conjunto de conceitos em torno de uma imagem idealizada de algo. O esteriótipo não é a realidade (é fundamental entender isto), é apenas uma espécie de ferramenta que ajuda a acelerar a percepção e interpretação da realidade. O esteriótipo também está estreitamente ligado a nossa capacidade de julgar, visto ele está repleto de valor – bom ou mau – atribuído por nós. O esteriótipo gera identificação, dá a noção de separação e de alocação em uma escala cada vez menos particular e mais universal de bom e de ruim. O esteriótipo carrega consigo uma série de conceitos “legados”, ou seja, ligados ao cerne do próprio esteriótipo. Ex.: “aquela mulher é uma prostituta”. Esta frase remete a uma interpretação que tem ligação direta com o sistema de valores de determinada sociedade e que dão sempre um sabor específico, dentro de cada cultura, para o seu significado. Na cultura ocidental, no geral, ao ouvirmos esta frase, entenderemos que esta mulher é uma imoral, uma perventida e que foi criada sem os bons valores cristãos. Também deduziremos automaticamente que ela é uma ignorante, que despespeita profundamente a si mesmo para alcançar outros prazeres igualmente ilícitos em termos morais e provavelmente legais.

Assim, o esteriótipo gera todo um desdobramento, toda uma série de conclusões articuladas entre si, onde uma é resultante da anterior e assim por diante. Uma característica estrutural do esteriótipo que também não se pode deixar de lado é a capacidade que o mesmo tem de polarizar a interpretação de si mesmo em valores positivos ou negativos. Ou seja, ele é essencialmente maquineísta, por isto mesmo, um deturpador da realidade.

Através deste maquineísmo que é, em verdade, uma das características mais fortes do esteriótipo, pervertemos a interpretação da realidade e então incorremos nos erros decorrentes das percepções torpes. E os erros são das mais variadas intensidades e espécies: julgamos o inocente, desejamos o que nos pode trazer problemas enormes, gastamos o que não temos, negamos ajuda e assim por diante.

E nossa sociedade ama os esteriótipos: da família perfeita, da mulher feliz e realizada, do perdedor, do criminoso, do vencedor, do moral, do imoral, do cara culto, do sedutor e assim por diante. Não quero fazer entender que cada um pode fazer o que quiser, por que afinal tudo é relatividade e não pilares morais absolutos. Ao contrário: a moral e a ética ultrapassam os esteriótipos, as culturas e mesmo as religiões. O que quero dizer é que “encaixotar” a realidade em imagens pré-formatadas e carregadas de valores absolutos e não racionalizados corresponde a gerar um mundo de mentiras. E como se vive neste mundo idealizado, é natural que nele se viva mal, por que, afinal, este simplesmente não é o mundo real! Enxergar o mundo através das falsas lentes do esteriótipo e insistir em assim fazê-lo significa sofrer. O mitos e as grandes ilusões precisam ser destruídas, pelo bem de todos. As coisas precisam ser encaradas como são. Infelizmente, vejo que estamos tão acostumados a ver as coisas via esteriótipos, cheios de pré-julgamento, que desaprendemos a enxergar sem aquelas lentes. Ficamos cegos.

Eu sou meus pressupostos

Posted in Geral on fevereiro 7, 2009 by Ovvia Vita

Através da atitude e da ação o homem faz-se presente no mundo. Tanto atitude quanto ação são produtos da interação da estrutura humana como um todo com o exterior desta estrutura. Esta estrutura humana é naturalmente complexa e tem suas partes imbricadas entre si de modo inextrincável, o que significa que uma mudança em um de seus elementos implica que os outros elementos também mudem, ou ao menos, possam mudar.

No entanto, organizando essas partes gerais em uma ordem de importância, escolho eu a psique humana para o primeiro lugar e não vou alongar-me em explicações do porquê desta escolha, que é bastante óbvia.

O que importa é o fato de que é através do nosso sistema psicológico que nos regemos e que interagimos com nós próprios e com o mundo. Bom, eu não vou escrever aqui um tratado sobre a psicologia humana, tanto porque não estou preparado para tal quanto não vem ao caso, neste momento. O ponto fundamental é que nossas atitudes e pensamentos, nossas ações e reações estruturam-se sobre um mundo próprio psicológico pré-existente. Tomamos nossas decisões e, antes disto, formamos nosso raciocínio e nossos sentimentos, com base em pressupostos que são construídos ao longo do tempo e que ao longo do tempo vão perdendo ou ganhando força – normalmente ganhando, pelo simples padrão de repetição. Deveria todo o ser humano entender isto, tão básico, mas tão ignorado: os meus pressupostos direcionam e limitam minha existência, pois dão escopo específico para minha atenção, vontade e ação (acrescenta-se ainda que os pressuspostos são muito mais inconscientes do que conscientes).

A vivência destes pressupostos nos oferece uma noção de permanência (ilusão 1) e segurança (ilusão 2) e, consequentemente, segurança (ilusão 3). São estas premissas gerais vivenciadas centenas, milhares de vezes, que nos dão noção de identidade, posse a ssim por diante. Ou seja, nós nos fazemos através dos nossos pressupostos, nós somos os nossos pressupostos e através deles suportamos o mundo e encaramos a inevitável incerteza, produto da impermanência de tudo o que nos rodeia.  Isto não é filosofia barata de auto-ajuda, isto é fato.

Por fim , as perguntas cruciais: Quais são teus pressupostos? Por que são estes teus pressupostos? Como se formaram teus pressupostos? Teus pressupostos são teus? Se não o são, quem te deu os pressupostos que regem a tua vida e te dizem que isto é certo e bom e aquilo é errado e mau, que deves viver tua vida no modo A e não no B, que tens que ter diploma para ser respeitado, que aquela loira do bar não é mulher pra casar, mas a vizinha é, que é certo ser rude e grosseiro com o funcionário preguiçoso, que o Obama é a salvação da galáxia e a Madonna é mais importante que um ermitão nepalês?

Conhece

Posted in Geral on fevereiro 7, 2009 by Ovvia Vita

Somos permanenetemente impelidos a viver nossas vidas em modos pré-estabelecidos – sabe-se lá por quem, a tomar as decisões que melhor encaixem-se nos padrões sociais vigentes, que são cada vez mais os mesmos por todos os lugares e que também são produto, sim, de alguma vontade com real capacidade para impor-se e fazer-se real. Vocês conseguem ver isto? Nosso modelo mental individual é cada vez mais coletivo, mais commoditizado, é cada vez mais previsível e consequentemente, cada vez mais fácil de ser controlado! É uma espécie de comunismo psicológico, de repercussões extremamente negativas.

Embora a distenção entre indivíduo e coletividade, que se abre em uma série de arquétipos teóricos onde o que resta na verdade é o conflito perene entre liberdade e controle, seja inevitável, acredito que praticamente desistir da individualidade, que é o que cada vez mais se vê, é, além de perigoso, muito triste. É uma espécie de ocaso do espírito humano.

Mas há os que sabem disto.

http://www.youtube.com/watch?v=CEf4uGKgeXU